quinta-feira, dezembro 18, 2008

Os passos marcavam com ruído seco as pedras da rua, onde os poucos candeeiros davam uma ténue luz rasgada pela chuva. A silhueta do homem deixava ver a gola do casaco puxada para cima, protegendo-se do frio, na face a chuva lançava gotas frias, bofetadas contínuas. O carro aproxima-se a grande velocidade parando a seu lado. Conhecia bem demais aquele carro, sonho de muitos, para ele, só mais uma lembrança de amargo tempo. A porta abriu-se e um braço despido enrolado em ceda vermelha chama-o num gesto gracioso, tudo lhe passa, tudo lhe lembra, amargo sabor da solidão passa, o punhal da indiferença deixa de doer mesmo ainda cravado. Dá um passo hesitante em direcção tão dispendioso bólide e lança o olhar no seu interior. Na bela mão esta a chave que ele num gesto brusco agarra e contornando o carro entra arrancado. A velocidade subia e sentia aquelas mãos que tanto amara, o perfume caro que ela adorava. Parou defronte ao rio, sem uma palavra ela beijou-lhe suavemente o pescoço, mordiscando, aqueles lábios doces, quentes, tal como os dedos que lhe queimavam a pele, passando pelo peito, desapertando cada botão das calças. Beijando-a com loucura, deixou o amor voltar a agarrar-lhe o coração que aquela mulher já partiu, mas não quis saber, quis amar, quis beijar, quis sentir os seus lábios o calor de seu corpo. Ouvir seus gemidos em quando levantava o vestido, e pedia o amor, a paixão e gritava de prazer. Ele sonhava, sonhou, e gritava com ela. Saiu do carro exausto olhado para a lua e pensou no tamanho do amor por aquela mulher. Ouviu-se o Bólide roncar e sumir-se na rua tal como apareceu. O peito dele batia mais uma vez de abandono, ficou na companhia da chuva e do rio. Mas agora ao andar as gotas de chuva confundiam-se com o sal de seus olhos…

7 comentários:

M@ri@ disse...

Queridos/as amigos/as
Primeiro de tudo quero desejar lhes que este novo Ano
seja repleto de vitorias.
Que todos os sonhos sejam realizados.
Seja cheio de saude,paz e muito amor...
Desculpem esta ausencia tão longa,mas nao andava inspirada.
Finalmente vou voltando ao que tanto gosto de fazer
deixo um beijo muito doce
em vossos coraçoes .
Desta vossa amiga que os adora e nunca vos esqueçe.
M@ri@

Carla disse...

..o amor (ou seria paixão?) esse bicho de sete cabeças que alimenta e mata em simultâneo. Uma descrição fabulosa de como a solidão pde chegar depois do êxtase
beijos

Carla disse...

em busca de novidades...que tardam em chegar
beijos

Carla disse...

passei para te falar do lançamento do meu livro "In-Finitos Sentires" a 27 de JUnho na Biblioteca de Valongo...aparece se puderes
beijo

Andreia disse...

É muito triste quando assim é. Quando temos o peito cheio de amor.. .e não temos nada mais! *

Unknown disse...

Depois da desilusão, fica o vazio de algo que não funcionou como esperávamos e por vezes perdemos a vontade de viver...
Certeza porem que a vida continua e melhores dias virão.
Obrigada por teres entrado nos meus novos dias.
Actualiza os teus textos, fico à espera.
Beijo
S de TV

Andreia disse...

Lindo! *